O Grupo de Trabalho sobre Educação Antirracista da escola Oga Mitá é composto por profissionais da escola, ex-alunos, pais e mães de estudantes.
Teve origem em 2021, a partir da iniciativa de um pai de um estudante, que ao perceber a ausência de professores e professoras negres na escola resolveu conversar com a equipe pedagógica sobre a possibilidade da implementação de uma educação antirracista.
A proposta foi movida por reflexões sobre o racismo escancarado no mundo e no Brasil (assassinatos de George Floyd, nos EUA, e Joao Alberto Freitas, no Brasil, na porta do Carrefour) que mostraram a violência com a qual agentes de segurança tratam pessoas negras. Mobilizado também, pela resistência do movimento Black Lives Matter, que transbordou dos EUA pelo mundo todo; e considerando que a escola Oga Mitá tem por principal característica valorizar a democracia e a criatividade dos alunos, além de prezar pela inclusão social, este pai sugeriu, e a direção da escola aceitou, aprofundar os diálogos sobre uma proposta de educação antirracista de forma a garanti-la no cotidiano escolar.
Essa sugestão foi apresentada na reunião de planejamento em abril, e as pessoas interessadas em participar formaram um grupo de trabalho e passaram a se encontrar em reuniões virtuais.
Inicialmente, foram traçadas duas principais frentes de ação:
- A realização de um censo com os funcionários da escola, com o objetivo de detectar onde estão os negros que trabalham no Oga Mitá e quais posições eles ocupam.
- A realização de uma análise do currículo escolar, para identificar na escola Oga Mitá, a aplicação das leis 10639/03 e 11645/08. Essas leis tem por objetivo incluir no currículo de escolas de ensino fundamental e médio, obrigatoriamente, o ensino sobre a história e a cultura de afro-brasileiros e indígenas, parcela notadamente discriminada e vítima de racismo.
O que já foi feito
Desde o início da formação do GT, além das reuniões realizadas, o grupo também já organizou uma live aberta e direcionada a toda comunidade escolar com Luciene Lacerda, criadora e integrante da Coordenação da Campanha de 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo, e Helena Theodoro, Mestre em Educação, Doutora em Filosofia, Pós-Doutora em História Comparada.
Além disso, organizou e disparou um formulário para os profissionais da escola para a realização do censo e sensibilizou a coordenação pedagógica para a contratação de uma professora negra, visando aumentar a diversidade no corpo docente.
Os dados coletados no censo foram analisados e serão compartilhados com a comunidade escolar através da Roda de Conversa que ocorrerá no dia 27 de outubro, 4ª feira, às 19h, como parte da programação do MOITARÁ. Nesta Roda de Conversa, além da divulgação das percepções coletadas na pesquisa interna, haverá convidados que falarão sobre a temática da educação antirracista.
O que pretendemos para 2022
Como explicado anteriormente, além do objetivo de realizar um censo escolar (que já foi concluído), o outro objetivo proposto para a escola Oga Mitá será olhar o currículo escolar à luz das leis 10639/03 e 11645/08, com a intenção de entender o que já está sendo ensinado em sala de aula sobre as contribuições dos povos originários e dos africanos e pensar o que é possível fazer para melhorar. Além desse ponto, há outras questões pensadas pelo grupo para o ano que vem:
- Com os dados coletados e analisados, pensar sobre quais ações sugerir à escola para diversificar mais a realidade da escola;
- Realização de uma conversa somente com funcionários da escola para a apresentação dados e ouvir o que eles entendem sobre educação antirracista;
- Criação de um grupo de estudo com profissionais, pais e alunos sobre educação antirracista;
- Formação continuada de professoras e professores.
- Realização de um segundo censo, dessa vez com a comunidade escolar toda, inclusive com as famílias dos estudantes.
O GT pretende continuar as reuniões virtuais com freqüência a fim de atingir os objetivos traçados para 2022 e compreende que, sendo Oga Mitá um nome indígena e tendo a escola como lema principal o provérbio africano “ubuntu: sou porque nós somos”, seria muito oportuno ter como missão educativa a proposta antirracista. Caso você queira participar, envie uma mensagem pelo aplicativo Class Up para o Canal Comunicação.
