Projeto Político Pedagógico

FaceBook  Twitter

 

Nosso projeto político-pedagógico reflete um modo de olhar o mundo: participativo, colaborativo, de horizontes amplos, vivo e vivido da sala de aula à administração da escola.

No final dos anos 1970, um grupo de jovens amigos sonhou construir um projeto fundado sobre os pilares da cooperação e solidariedade.

 

 

Projeto Político-Pedagógico

Em geral, a população entende que a instituição escola é uma coisa homogênea e homogeneizadora, mas as escolas são diferentes em função das suas Propostas e Práticas Pedagógicas. Os valores éticos, estéticos e políticos que fundamentam a proposta de determinada escola come­çam por delinear como se realiza seu projeto educacional. E as concepções de criança, jovem, educação, escola, ensino e aprendizagem, acrescidas dos fazeres (projetos, eventos, atividades e roti­nas), complementam o desenho de seu Projeto Político-Pedagó­gico.

Nossa escola tem como ponto de partida a diversida­de, que é entendida como uma das características do humano. Por outro lado, a desigualdade é compreendida como resul­tado histórico e social. Assim, nossa prática assume para si o pensamento de Boaventura de Souza Santos, que diz: “As pes­soas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais, quando a diferença os inferioriza, e o direito de ser diferentes sempre que a igualdade os descaracteriza”.

 

Valores e concepções

 

Criança. A Oga Mitá pensa a criança numa perspectiva que valoriza a sua condição histórica e social, reconhecendo-a como sujeito, como alguém que tem conhecimentos, desejos, expectativas, o que nos leva à realidade não apenas a partir do adulto como referência, mas também do ponto de vista da criança.

Isso demanda necessariamente ouvi-la, deixar de vê-la como infans (aquele que não fala), o que implica em ser dada a ela a oportunidade de falar, de explicar como vê e sente o mundo. Nesse sentido, é preciso estabelecer a diferença entre produzir um discurso sobre a infância e conhecer o que significa a experiência de ser criança.

 

 

Jovem. Concebemos o jovem como sujeito de direitos, único, protagonista do seu processo de desenvolvimento, que se realiza nas interações, relações e práticas cotidianas a ele disponibilizadas e por ele estabelecidas com adultos e crianças/jovens de diferentes idades, nos grupos e contextos culturais nos quais se inserem.

 

Educação/Escola. Para a equipe da escola Oga Mitá, a educação é um projeto coletivo e envolvente. Dele não deve escapar ninguém. Todos educam, todos se educam. Aqui cabe evidenciar o provérbio africano, que, na concepção tribal, afirma que “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança” (...).

Sabedores de que quem descobre quer contar, assegura­mos no dia a dia da Oga Mitá o direito à voz e à vez, garantin­do que cada sujeito possa narrar suas experiências e histórias de vida:

 

Não basta assimilar informações. É preciso saber selecioná-las, relacioná-las e fazê-las convergir para processos criativos. Deve a escola dotar o educando de capacidade para enfrentar os novos desafios, li­dar com as múltiplas racionalidades vigentes, apro­fundar seu espírito crítico. Enfim, saber converter informação em cultura e cultura em sentido de vida. (Frei Betto)

Na medida em que se reconhece a importância de o indi­víduo ser para si e para o outro, nosso projeto assume a “al­teridade” como meta. Admite-se que o indivíduo só existe na relação com o outro e que ele precisa dos outros para se desenvolver como sujeito.

 

Ensino. O currículo (trajetória) é compreendido como um con­junto de práticas e percursos que buscam articular as experiências e os saberes das crianças/jovens com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico.

 

Aprendizagem. É compreendida como um fenômeno que se realiza na interação com o outro. A aprendizagem acontece por meio da internalização, a partir de um processo anterior, de troca, que possui uma dimensão coletiva. A aprendizagem deflagra vários processos internos de desenvolvimento mental, que tomam corpo somente quando o sujeito interage com objetos e sujeitos em cooperação. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento. Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal.

Como instituição social, Oga Mitá é fruto das interferências históricas, formais, legais, circunstanciais e legítimas da comunidade. E, como instituição acadêmica, buscou e continua buscando referenciais teóricos naqueles que apontam caminhos para uma escola plural, coerente com uma sociedade mais justa e democrática.

 

Escola nova ou moderna?

Não optamos por fazer uma escola “moderna”. Nosso objetivo sempre foi construir um projeto educativo interligando área meio e área fim, a pedagogia e a administração da instituição. Um projeto político-pedagógico coerente desde as relações existentes na sala de aula até a dos patrões e seus empregados.

O final dos anos 1970 foi um período de intensificação dos projetos pedagógicos baseados no movimento da Escola Nova, das escolas experimentais, de proliferação dos caminhos “construtivistas” da educação contemporânea. Eles propunham uma ruptura significativa com as práticas tradicionais, ao considerar o aluno como o centro do processo educativo e ao buscar práticas coerentes com os preceitos da Epistemologia Genética de Piaget (link para página) e seus seguidores, que inspiram nossa prática.

Mas não nos limitamos a uma só metodologia. Entendemos que é necessária uma metodologia específica para a nossa realidade, resultado da participação e das trocas que acontecem entre todos que estão envolvidos no processo. Assim nossas salas de aula possuem características semelhantes, apesar de construírem histórias bastante distintas. Buscamos a construção da nossa prática fundamentados nas pesquisas psicopedagógicas e em princípios ideologicamente comprometidos com uma visão crítica de mundo e de sociedade, dentro das experiências de Célestin Freinet, Paulo Freire, Jean Piaget, Lev Vygotsky, Madalena Freire, Constance Kamii (link para páginas), entre outros.

 

Todos somos sujeitos-autores

O conhecimento individual é sempre um processo social, que acontece na interação entre os homens. A cognição e a afetividade são aspectos inseparáveis e complementares para que os seres sejam humanos. Assim, negamos as concepções inatistas e as comportamentistas que ignoram as condições históricas da aprendizagem. Nossas práticas consideram as crianças, os jovens e os adultos sujeitos-autores, cidadãos pertencentes e atuantes no mundo, que fazem e sofrem as interferências da cultura de seu tempo.

Uma de nossas estratégias mais importantes é o envolvimento com a comunidade, que não se restringe apenas aos pais de nossos/as estudantes. Esses também fazem parte, de modo bastante especial, pois queremos que se sintam parceiros e cúmplices na educação de seus/suas filhos/as. Entretanto, sempre estamos abertos às demandas do entorno social, com a participação em projetos comunitários e ações de cidadania.

 

Todos somos produtores culturais

Entendemos que os processos educativos não podem estar desvinculados da cultura, entendendo como cultura todas as ações e representações humanas. Dessa forma, estamos sempre atentos às demandas externas à escola e às suas diferentes manifestações. Sofremos interferências do nosso contexto social do mesmo modo que somos produtores culturais, sejamos professores, funcionários, estudantes ou pais.

 

Formação de professores

Entre nossos objetivos fundamentais, destacamos o trabalho de formação de professores. Essa meta ultrapassa as ações voltadas para nossa própria formação e a de nosso corpo docente, realizadas regularmente em nosso cotidiano. É através dela que pretendemos contribuir, significativamente, para a educação brasileira. Assim, ao longo desses anos, essa meta assumiu diferentes formatos, desde a criação da Escola de Professores, em parceria com outras instituições, até projetos desenvolvidos junto a sistemas públicos de ensino.

 

Parceria com as famílias

É de especial importância a relação que construímos com os pais e familiares de nossas crianças e jovens. Acreditamos que é na parceria e na cumplicidade entre pais, professores, coordenadores e todos os que fazem parte da comunidade escolar que podemos aprimorar a qualidade do trabalho desenvolvido, que prioriza a cooperação e a afetividade.

Especialmente na Educação infantil, quando as crianças estão iniciando sua vida escolar, é fundamental que os pais nos conheçam, conheçam a nossa proposta e se deixem conhecer. Mas o conhecimento mútuo é um processo, e não um momento estanque na época do ingresso da criança na escola. Antes mesmo de o/a estudante ser matriculado/a, a família é recebida pela coordenadora pedagógica, que apresenta o projeto e abre um espaço para que os pais falem de suas expectativas em relação à educação de seu/sua filho/a.

Logo que recebemos um estudante novo, entregamos uma ficha para podermos conhecer sua história, suas características e também a história da família. Consideramos que esse primeiro contato é fundamental para que se estabeleça um vínculo de confiança entre família e escola. Mas os encontros individuais continuam acontecendo ao longo do processo, à medida que a família e/ou a escola sintam necessidade desses encontros.

A escola oferece, ainda, múltiplos canais de participação dos pais, que queremos como parceiros neste projeto:

- Reuniões de turma: são encontros trimestrais com os professores das turmas em que, além de apresentar o planejamento do trimestre e avaliar o vivido, procuramos (através de textos, filmes e trabalhos vivenciais) levar os pais a conhecer, questionar e refletir sobre o trabalho que estamos desenvolvendo.

- Projetos: durante os projetos desenvolvidos com as crianças, os pais são também nossos companheiros, pesquisando, enviando materiais, sendo entrevistados, trocando informações, educando e se educando junto conosco.

- Atividades de Integração por turma: são encontros combinados pelo grupo sob a coordenação do professor nas reuniões de turma. Todos os detalhes são preparados cooperativamente por pais e professores.

- Algumas atividades de integração abrangem toda a comunidade escolar e estão previstas no calendário anual.

- Fórum de Pais e Professores: são encontros apenas para adultos, em que são discutidos temas sugeridos pelas famílias ou indicados pela equipe pedagógica.

- Comissão de planejamento.

- Assembleia Geral.

 

Compromisso com a sociedade brasileira

Entendemos a escola privada como uma concessão do Estado e, consequentemente, uma instituição que tem o compromisso com a sociedade brasileira. A escola não pode ser tratada como a maioria das empresas, nem pode se relacionar com a comunidade apenas como mais uma prestadora de serviço. A Oga Mitá, não obstante ser uma instituição privada, precisa se colocar a serviço da população e da qualidade do ensino básico nacional. Seus avanços pedagógicos e políticos devem estar comprometidos, inclusive, com a melhoria de todas as escolas públicas do país.

Este Projeto Político-Pedagógico reúne, portanto, as concepções, os princípios, os objetivos, os marcos referenciais e as propostas de ação da Oga Mitá. É uma ferramenta que orienta nossas práticas, de forma a mantermos uma coerência entre as ações que são planejadas e sua realização.

Sua atualização é fruto de uma avaliação constante de nosso trabalho e do mundo contemporâneo, visando ao aprimoramento de nossas práticas pedagógicas e ao registro das necessárias mudanças.

Copyright (c) Oga Mitá 2015. Todos os direitos reservados