Respeito, afeto e empatia com o tempo das crianças

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Mas que fique claro:
não se trata de abrir ou de criar esse tempo-espaço na vida das crianças para que possamos observá-las. Trata-se de oferecer possibilidades de elas viverem de forma inteira suas infâncias para que a essência particular de cada uma possa se manifestar, se religar com suas profundezas, se reconhecer!
E, se elas se abrirem para nos acolher, aí sim, será privilégio aprender de suas vidas!!!
(Adriana Friedmann)

O período de acolhimento é ancorado no tempo. Tempo de construir o sentimento de fazer parte de um novo grupo. Tempo de apropriar-se de um novo espaço. Tempo de olhar cuidadoso às singularidades de cada criança e suas famílias. Tempo de cada menino e menina conquistar confiança e segurança física, emocional e afetiva. Pouco a pouco elas começam a aceitar distanciarem-se da sua família e mergulham no desejo de explorar o espaço, o mundo ao seu redor e construir novos vínculos.
Diante de uma relação de respeito e confiança, a criança se encoraja para viver os inéditos de cada dia, sabendo que tem por perto adultos com quem pode contar e confiar. Assim, sente-se acolhida e entendida em suas necessidades.
Acolhemos e reconhecemos todos os sentimentos que invadem o coração da criança e o da família quando chegam ao espaço escolar. O choro comumente revela saudade, inquietude e insegurança. Colocamo-nos disponíveis, de corpo inteiro, para que a criança sinta a nossa presença. Quando nos autoriza a tocá-la, o colo acolhe, envelopa e oferece aconchego e afeto. Ela também é envelopada pelo olhar, pela palavra e pelo gesto cuidadoso do adulto que as recebe. A construção do laço de afeto fortalece a criança para descobrir suas potencialidades.
Cada menina e cada menino, na sua singularidade, vivencia o processo de acolhimento de forma distinta. Algumas crianças precisam do aconchego do/a adulto/a da família que as acompanham e resistem a separar-se dele/a. Com muita tranquilidade, vamos a cada dia nos aproximando e conquistando a confiança da criança até que ela se sinta segura quando estiver longe do seu familiar. Outras crianças aceitam nosso convite para conhecer o espaço, mas, a princípio, se destacam do grupo e ficam só observando a movimentação dos/as colegas até se sentirem confiantes para se aproximar deles/as. Tem também aquelas que chegam transbordando entusiasmo, como se tivessem sempre pertencido à turma. Cuidamos das individualidades com compromisso e afeto. Nesse percurso, as crianças se conhecem, descobrem o outro, a si mesmo e o mundo a sua volta.
No cotidiano da turma Suruí-Paiter, garantimos tempo e espaço para a criança brincar, explorar e fazer descobertas. No quintal, na própria sala, no pátio de pedra ou na Sala do Corpo, oferecemos diferentes materiais que enriquecem suas explorações. De acordo com o interesse e o desejo de cada uma, os elementos ganham novos sentidos.
Escutar as crianças desde a mais tenra idade é estar disponível para escutar o que a palavra ainda não dá conta. É perceber olhares, posturas, gestos e movimentos que traduzem suas emoções.
Acolher é um ato político, social e afetivo! Temos princípios e valores que orientam nossas ações. Costumamos dizer que, quando recebemos uma turma, na verdade recebemos duas: uma das crianças e a outra dos adultos. As estratégias são diversas e singulares. O processo de acolhimento é mútuo, porque nós também somos acolhidas pelas famílias. A confiança delas no trabalho que realizamos faz toda a diferença! Com diálogo, cooperação, compreensão e escuta atenta, caminhamos de mãos dadas.
O brincar livre, desemparedado, em meio à natureza, promove o encontro com diferentes formas de vida que pulsam no quintal. Também contribui e convida a criança a mergulhar com todos os sentidos no contato com terra, água, pedras, folhas e sementes, que se transformam em tesouros da natureza. Ervas e frutos colhidos no pomar ofertam cores, cheiros, sabores e texturas. As vivências significativas contribuem no processo de acolhimento e provocam nas crianças o desejo de querer mais. Elas desejam estar na escola, sedentas por novas aventuras e descobertas. Experimentam de corpo inteiro a alegria e o encanto da arte do encontro.

Ana Lúcia Rodrigues da Silva – professora do Suruí-Paiter manhã
Cristiane Clemente Susano – professora do Suruí-Paiter tarde
Educação Infantil

 

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